Instituições de cariz social participam na apanha da azeitona em conjunto com membros da associação.
![](https://aacademica.ipportalegre.pt/wp-content/uploads/2020/02/WhatsApp-Image-2020-02-24-at-13.41.41.jpeg)
“Partilha e união”, são estas as palavras de ordem que comandam o projeto de cariz social desenvolvido pela Associação Académica do Politécnico de Portalegre (AAIPP), o Olival Solidário e Ecológico. Este projeto nasceu do desafio lançado pela Presidência do Politécnico que tinha esperança que a associação se mostrasse disponível em ajudar.
“O Olival solidário surgiu o ano passado a convite da presidência do politécnico, havia sempre vários funcionários a apanhar a azeitona do olival e por isso, o professor Luís Loures, lembrou-se que este poderia ser um bom projeto para a associação académica” explica o Presidente da AAIPP, Diogo Aragonez. “Na altura foi um processo muito apressado devido à proximidade da apanha da azeitona, mas mesmo assim a associação conseguiu concretizar este projeto e agarrou-o com unhas e dentes para chegar ao momento em que está hoje, um projeto de sucesso”, revela.
Este projeto foi pensado tendo em conta duas vertentes, a parte solidária e a parte ecológica. A parte ecológica é referente aos produtos. “As nossas garrafas são feitas em vidro e o olival não tem qualquer tipo de produtos fitofármacos, que podem prejudicar o ambiente” esclarece o Presidente da Associação. Em relação à parte solidária “este ano alargámos a base do projeto convidando várias associações de cariz social para participarem connosco na colheita e desta forma também ter uma parte de inclusão social” acrescenta.
A receita do sucesso
Nesta segunda edição, a AAIPP decidiu que seria bastante gratificante para todos ter instituições de cariz social a participar na colheita da Azeitona. As instituições que foram convidadas a participar foram a Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental de Portalegre (APPACDM), nomeadamente o Centro de atividades ocupacionais de Marvão e o de Santo António das Areias, a CERCI e a Santa Casa da Misericórdia de Portalegre, o Lar de Infância e Juventude Santo António de Portalegre e o Lar de Infância e Juventude PraCachopos de Arronches.
Lúcia Bartolomeu, coordenadora do Departamento de Ação Social da AAIPP explicou o porquê desta seleção. “Escolhemos estas instituições porque achamos importante criar uma forte ligação com a Comunidade Portalegrense, estarmos mais próximos da cidade que nos acolhe durante os anos em que estamos a estudar” explica. Esta seleção surge também em prol dos objetivos que a associação criou para este projeto.
De acordo com o Presidente esta iniciativa tem três grandes objetivos. O primeiro é um dos que dá nome ao projeto, “solidário”. “Ajudar aqueles que mais precisam e que neste momento estão mais carenciados é o nosso primeiro objetivo” explica. O segundo, mas não menos importante é a inclusão social, “de forma a conseguimos mostrar a todos que podem contatar connosco (associação) e que, apesar das nossas diferenças, estamos cá para nos entreajudar uns aos outros” acrescenta.
O terceiro objetivo referido pelo presidente, e que, na sua opinião, é um dos mais importantes é a aproximação entre os estudantes do Politécnico e a comunidade Portalegrense. “Os estudantes não servem só para beber copos, como se costuma dizer, nós estamos cá com outros objetivos, sejam eles para fazer a promoção do próprio politécnico, fazer crescer a economia portalegrense e também para isto, para a parte de inclusão social e para a interação com as coletividades do nosso concelho”, afirma.
Um olival de braços abertos
Durante os cinco dias de colheita estiveram presentes no olival perto de dez elementos da associação e cerca de cinco ou seis pessoas de cada instituição, o que totalizou um número de 45/50 pessoas envolvidas na colheita. “Todos os dias os utentes das instituições apanhavam a azeitona connosco e ao final do dia havia a uma visita guiada à cooperativa de Portalegre para ver o processamento e a forma como é feito o azeite” explica Diogo. “Estamos a contar que neste ano consigamos produzir à volta de 15 a 20 garrafões de azeite o que totaliza à volta de 75 a 100 litros e a intenção é dividir estes 15/20 garrafões pelas instituições que participaram connosco e também pelos estudantes carenciados do politécnico” acrescenta.
Não só os membros da associação académica se sentiram bem em ajudar como as associações convidadas se sentiram muito felizes com a oportunidade de participar. “Obtemos um feedback excelente. Estas pessoas adoraram estar connosco, adoraram o projeto e o facto de os termos convidado fez com que se sentissem especiais” revela o Presidente. “Gostaram do facto de nós lhes termos mostrado que para nós, alunos do politécnico, eles também são pessoas normais, pessoas com quem nós queremos e gostamos de conviver. Tudo o que recebemos foram, sem dúvida, opiniões positivas” acrescenta.
Apesar do feedback positivo, as expectativas para a segunda edição do olival solidário e ecológico não eram as melhores. “É de realçar que a segunda edição correu mesmo muito bem ao contrário daquilo que eu pensava pois tinha algum medo de que os membros das instituições não se encontrassem disponíveis devido a possíveis incapacidades de alguns, ou simplesmente não quisessem apoiar o nosso projeto” explica Diogo. “Mas ao contrário daquilo que eu estava a pensar correu bastante bem, muitos deles já tinham experiência o que nos ajudou bastante, fizemos uma colheita muito boa, ainda que relativamente inferior à do ano passado em termos de quilos, mas também devido à própria natureza que não ajudou tanto quando poderia”, revela o Presidente.
Para Lúcia Bartolomeu, este projeto não poderia ser o mesmo sem a ajuda do Politécnico. “Esta atividade só teve sucesso, graças ao Politécnico, pois além de nos autorizar a utilização do espaço ainda nos forneceu o almoço durante toda a semana”.
De acordo com a coordenadora do projeto, este tipo de apoios fizeram toda a diferença. “Recebemos vários apoios vindos de diferentes instituições e entidades, desde o apoio da União das Freguesias da Sé e São Lourenço, quando nos cederam a carrinha para conseguir fazer o transporte da azeitona para o lagar até ao apoio por parte do lagar, que nos disponibilizou um funcionário para a visita guiada.” Neste tipo de projetos os pequenos pormenores fazem a diferença e as pessoas também. “O Engenheiro João Milheiro foi um dos apoios mais importantes nesta atividade. Todos os imprevistos que ocorreram foi ele que nos deu soluções para que a mesma tivesse sucesso” acrescenta.
Quem também partilha da mesma opinião é o Presidente da Associação. “Recebemos o apoio do politécnico, na compra de alguns materiais e também da Escola Superior Agrária de Elvas com os panos de recolha da azeitona e da própria máquina vibratória.” Para além destas ajudas conseguiu também com a candidatura ao prémio Santander, receber 1000 euros” revela Diogo.
Um prémio de esperança
Uma das surpresas da edição deste ano foi o prémio Santander Totta. Com este projeto a AAIPP foi reconhecida com o Prémio Voluntário Universitário-Santander. “O facto de termos recebido este prémio e de termos ficado em quarto lugar de 100 candidaturas de todas as universidades e politécnicos do nosso país com este projeto é gratificante” esclarece o Presidente. “Sentir que lá fora, no mundo universitário e até mesmo no mundo profissional, alguém olhou para o nosso projeto e percebeu que estava bem construído, que chegava a várias faixas etárias, chegava a diferentes setores de necessidade social é uma sensação inexplicável” revela.
Para a associação, o importante deste prémio não é o dinheiro, mas sim o “reconhecimento que acaba por ser dado não só à associação académica como às próprias instituições que participaram e claro, ao Politécnico”. Ainda assim, este valor monetário tem já o seu destino definido. Uma metade destes mil euros vai ser investida na compra de materiais para as próximas edições deste projeto e a outra metade vai ser divida pelas 6 instituições de cariz social, que totaliza perto de 100 euros por cada instituição.
![](https://aacademica.ipportalegre.pt/wp-content/uploads/2020/02/WhatsApp-Image-2020-02-24-at-13.41.43-1.jpeg)
Enquanto coordenadora do Departamento de Ação Social, Lúcia revela que “é um orgulho imenso dizer que juntos, conseguimos este prémio. E é este orgulho que temos de levar sempre connosco para que tenhamos maior sucesso durante este mandato.”
De acordo com o Presidente da Associação Académica não só a associação ficou contente com este prémio como todo Politécnico e a presidência do mesmo. “Ficaram extremamente felizes pela forma eficaz como nós agarramos este projeto. Foram eles que nos lançaram este desafio e o facto de nós termos aceite e de ter corrido tão bem foi espetacular” explica. Diogo acrescenta ainda que “foi muito bom ver que as pessoas dentro do próprio Politécnico nos começam a reconhecer como uma associação preocupada com assuntos de cariz social.”
De olhos postos no futuro
Com o sucesso da primeira e da segunda edição, já está em vista uma terceira. “Os planos para a próxima edição mantêm-se. Queremos trazer as instituições na mesma, queremos levá-las ao lagar, queremos fazer o engarrafamento com elas, mas queremos também, e acho que essa será a grande mudança, profissionalizar um pouco mais o projeto” revela o dirigente. O objetivo da associação é, desta forma, adquirir algum material próprio para dar mais condições aos utentes durante a colheita da azeitona, como uma tenda, para se caso chova, ter sempre um jipe à mão, entre outras coisas. “Esse tipo de melhorias que podemos fazer é que vai tornar a coisa um pouco mais profissional e mais organizada”, ajunta.
Ainda assim, como em todos os projetos, existem pormenores que podiam ter sido diferentes. “O que nós achamos que poderia correr melhor é aquilo que temos como objetivo melhorar na próxima edição, ou seja, a mobilização dos estudantes”, explica Diogo. “Os estudantes infelizmente encontram-se pouco mobilizados, desta forma queremos mudar isso, mas como sabemos este é um processo que leva tempo e que não se faz da noite para o dia”. Ainda assim o Presidente da Associação Académica de Portalegre, em conjunto com todos os membros que fazem parte dela, têm as suas expectativas bastante elevadas e esperam que este Olival Ecológico e Solidário, seja, sem dúvida uma iniciativa para continuar durante muitos anos.